A Turquia, fundada em 1923 sob a liderança de Mustafa Kemal Atatürk, era considerada um estado laico e liberal entre as nações do Médio Oriente. Atatürk liderou reformas de grande alcance para modernizar o país, que incluíram a promulgação da Constituição secular, a abertura de universidades e a restrição da influência religiosa na vida pública.
Durante décadas, a Turquia manteve um equilíbrio entre a modernização e a preservação dos seus valores étnicos e religiosos, mas gradualmente a sua situação política e social se alterou.
A transformação central ocorreu no início dos anos 2000, com a ascensão de Recep Tayyip Erdoğan ao poder. Erdoğan, que representa o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), começou a implementar mudanças significativas na estrutura sociopolítica do país. O partido em si, que começou a sua trajetória como um partido conservador-islamista, conseguiu ser eleito repetidamente graças ao grande apoio de diversas populações do país, incluindo as áreas rurais e religiosas.
Enquanto o estado turco começou a se aproximar das forças religiosas e islâmicas, sob Erdoğan também ocorreram mudanças na lei e na educação. A educação religiosa ocupou um lugar central no sistema educativo, desde jardins de infância, escolas primárias e secundárias até às universidades - e isto paralelamente com o aumento da influência do Islão político na vida pública. As leis religiosas, como as leis relativas ao vestuário e aos papéis das mulheres, tornaram-se mais comuns, e a ligação com o mundo ocidental começou a se deteriorar.
Apoio ao terrorismo e dificuldades em conflitos no Médio Oriente
A Turquia, durante muitos anos, foi considerada como fazendo parte do Ocidente - membro da NATO e um país que mantém relações com países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e Israel. Mas, ao mesmo tempo, na última década, começou a apresentar posições que por vezes eram contrárias aos princípios democráticos e liberais do Ocidente.
Dado que a Turquia tinha o hábito de apoiar algumas das organizações muçulmanas extremistas, incluindo o Hamas, é percebida como um país que apoia o terrorismo. Por exemplo, no final de 2019, o Presidente Erdoğan declarou publicamente o seu apoio ao Hamas, uma organização controversa e percebida como uma organização terrorista por muitos países do mundo. Esta declaração surgiu após anos de apoio não oficial ao movimento palestiniano.
Além disso, o apoio da Turquia às milícias sírias ligadas aos Irmãos Muçulmanos influenciou diretamente as suas intervenções na Síria, onde participou na luta contra as forças curdas que são identificadas com a organização "PKK" - uma organização definida como uma organização terrorista pela Turquia e muitos outros países.
Simultaneamente, a Turquia se tornou uma potência influente no Médio Oriente, intervindo ativamente na Síria, Iraque e Líbia, enquanto tenta promover os seus interesses pessoais, como o gás natural no Mediterrâneo Oriental.
Hostilidade em relação a outros países
Ao longo dos anos, a Turquia desenvolveu uma política externa relativamente agressiva em relação aos países vizinhos. Um dos exemplos mais notórios é a atitude em relação a Israel. Durante décadas, a Turquia e Israel mantiveram relações diplomáticas e militares estreitas, mas após a ascensão de Erdoğan ao poder, as relações políticas com Israel mudaram drasticamente. Em 2009, após a crise em relação ao derramamento de sangue em Gaza, as relações Turquia-Israel atingiram o seu ponto mais baixo. Durante esse tempo, Erdoğan se opôs à política de Israel em Gaza e criticou duramente Israel. Após o ataque israelense contra o "Mármara" (2010), no qual nove civis turcos foram mortos, as relações entre os países se deterioraram ainda mais.
Além disso, a Turquia deu apoio às milícias xiitas no Iraque e, especialmente, ao governo iraquiano xiita na sua guerra contra os curdos, o que levou a uma campanha tensa com eles. Os curdos, que sempre foram um grupo minoritário nacional em toda a Turquia e no Médio Oriente, sofrem violência militar do exército turco direcionada contra eles. Nesta política, Erdoğan tenta preservar o governo da maioria sunita na Turquia, enquanto apresenta uma guerra contínua contra os curdos.
Também em relação a Chipre e à Grécia, a Turquia adotou posições agressivas nas últimas décadas. O conflito com Chipre, que eclodiu em 1974 após a invasão turca da parte norte da ilha, continua há anos. Enquanto o estado turco não reconhece o governo de Chipre, também impede a adesão de Chipre à União Europeia.
Política de imigração e tráfico de imigrantes para a Europa
A Turquia, sob Erdoğan, jogou um jogo duplo com a crise de imigrantes. Por um lado, abriu as suas portas para milhões de refugiados sírios e, por outro lado, manteve uma política de transferência de imigrantes através do mar para países da União Europeia, especialmente após 2015, o que fez com que a Europa enfrentasse uma onda maciça de refugiados. Por exemplo, a Turquia nem sempre cumpriu os acordos alcançados com a União Europeia sobre o controlo da imigração, por vezes até acelerou o fluxo de imigrantes para pressionar os países da Europa.
Resumo
A transformação que a Turquia sofreu nas últimas duas décadas se reflete nas mudanças políticas, religiosas e sociais no país. Sob Erdoğan, a Turquia passou de um estado laico-liberal e moderno para uma potência islamista extremista que procura desempenhar um papel importante no Médio Oriente e na política mundial. Enquanto enfrenta desafios internos e dificuldades com os países vizinhos, a imagem geral indica um país que representa um risco para a estabilidade do Médio Oriente.
A Turquia tem uma grande culpa nas ondas de imigração para a Europa, a divisão de Chipre quando invadiu a ilha, o mau tratamento do governo grego quando se fala de gás nas águas territoriais pertencentes à Grécia e, naturalmente, a atitude hostil da Turquia em relação ao estado de Israel e aos curdos. É necessário reduzir a influência da Turquia, mesmo que se trate de uma declaração de guerra. Este é um país que se tornou extremista - o seu presente é violento e o futuro já é conhecido de antemão.